Com a presença do governador e pré-candidato Romeu Zema, Luiz Felipe D’Avila lançou sua pré-candidatura a presidente pelo Novo hoje (11), em um hotel da zona sul da capital mineira. Estavam presentes, além de Zema, o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro e o pré-candidato a vice-presidente na chapa de d’Avila, o deputado federal Tiago Mitraud.
Zema, único governador eleito pelo Novo em seus 11 anos de existência, é considerado pela legenda como o mais importante cabo eleitoral do partido nas eleições de 2022. De acordo com D’Avila, “Minas é a grande vitrine do que o Novo pode fazer num cargo majoritário”, o que, na visão do pré-candidato, é um dos motivos para que o lançamento da pré-candidatura nacional ocorra no estado.
‘Democracia no Brasil está correndo risco’
O pré-candidato a presidente pelo Novo afirmou, ainda, que “esta é uma eleição em que a democracia está sendo ameaçada”, atribuindo essa possível ameaça aos “populistas de direita e esquerda que ocuparam a Presidência da República nos últimos 20 anos”.
Ao ser perguntando sobre o que ele quis dizer com “risco à democracia”, D’Avila respondeu que “o acirramento do ‘nós e eles’, o radicalismo político, vem corroendo a credibilidade das instituições, vem aumentando a temperatura dos conflitos, inclusive com mortes, pela primeira vez nós tempos uma campanha presidencial com mortes”. Ainda de acordo com D’Avila, a ocorrência das mortes, “mostra que a polarização é muito prejudicial à democracia”.
O pré-candidato não menciona quais seriam essas mortes, mas a afirmação ocorre um dia após o assassinato de um militante do PT, em sua festa de aniversário, por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR). Apesar de, inicialmente, a Polícia Civil do Paraná ter divulgado que os dois envolvidos no caso não teriam resistido aos ferimentos, o agressor, Jorge José da Rocha Guaranho, sobreviveu e está internado em estado grave.
Pré-candidatura presidencial do Novo enfrenta dificuldades nas pesquisas
Ao contrário de Romeu Zema, que tem ampla vantagem sobre o segundo colocado, Alexandre Kalil (PSD) em todas as pesquisas de intenção de votos, a candidatura de D’Avila tem encontrado dificuldades para decolar. O pré-candidato, em muitos dos levantamentos, não chega sequer a pontuar.
Perguntado sobre como lidaria com essa dificuldade, D´Avila respondeu que se espelharia na trajetória de Zema em 2018. O então candidato aparecia nas primeiras pesquisas com cerca de 2% das intenções de voto, mas, nos últimos levantamentos, estava já posicionado em terceiro lugar, atrás de Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT).
Foi apenas após o último debate, quando Zema pediu votos para o então candidato Jair Bolsonaro, que acabou por ultrapassar Pimentel e chegou ao segundo turno.
O candidato à presidente pela chapa do Novo, na ocasião, era João Amoêdo.
‘Eu tenho essa lealdade partidária’, diz Zema sobre apoio a D’Avila
Zema, durante o evento, comprometeu-se a apoiar a chapa D’Avila/Mitraud em Minas Gerais.
Perguntado sobre como faria para atuar como cabo eleitoral de D’Avila, que tem prognósticos eleitorais tão piores do que os do atual governador de Minas, Zema afirmou que tem lealdade partidária e que estará junto a D’Avila e Mitraud, que classificou como “dois excepcionais candidatos”.
Ressaltou, também, a coerência política do Novo, como “um partido de propostas e não de ofensas”.
Sem citar nominalmente Bolsonaro, Zema, assim como D’Avila, mostrou-se crítico, durante ao evento, à chamada polarização e à “PEC dos benefícios”, medida patrocinada pelo governo que aumenta o Auxílio Brasil em 200 reais até dezembro deste ano e cria uma série de outros benefícios há três meses das eleições.
Além de considerar que benefícios como o Auxílio Brasil “deixam a população dependente”, Zema considera a medida pode estar sendo criada “visando a reeleição e não um futuro com mais sustentabilidade”.
Vice da chapa de Zema segue indefinido
Ao ser perguntado se a escolha para ocupar a vaga de vice em sua chapa já havia sido feita, Zema afirmou que isso deve ocorrer “nos próximos 10, 15 dias”. O governador enfatizou, no entanto, que prefere que a posição nãos seja ocupada por alguém do Novo, para que fique demonstrada a disposição da legenda para fazer alianças.
Também foi perguntado a Zema o que ele acha de essa indefinição da pré-candidatura a vice em sua chapa ser classificada como “desorientação”, em referência feita a uma afirmação do vice-governador Paulo Brant para a imprensa dias atrás.
“Se nós analisarmos outros estados, outros partidos, outros candidatos, a maioria não definiu ainda, então tá todo mundo desorientado”, respondeu o governador.
Quem é Luiz Felipe D’Ávila
D’Avila é cientista político, editor e escritor. Nascido na cidade de São Paulo, é fundador do VirtùNews, plataforma digital de jornalismo de dados, voltado para análises sobre política e economia. É também editorialista do jornal O Estado de São Paulo.
Com BHZ