Bolsonaro declara repúdio ao nazismo e compara regime ao comunismo: ‘Dizimou milhões de inocentes’

Bolsonaro repúdio nazismo
Após polêmicas envolvendo nazismo, o presidente usou as redes sociais para se pronunciar (Reprodução/@jairbolsonaro/Instagram)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou as redes sociais para declarar repúdio ao nazismo na noite dessa quarta-feira (9). A publicação vai de encontro às recentes polêmicas envolvendo o Flow Podcast, que virou cenário de declarações de cunho antissemita partindo do empresário Monark e Kim Kataguiri (Podemos). Além de uma saudação nazista do apresentador Adrilles Jorge, na Jovem Pan.

“A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e qualquer ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade”, diz post do chefe do Executivo.

Na sequência, Bolsonaro escreveu que é desejo de seu governo combater, por meio da lei, “outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, a divisão de pessoas em raças ou classes”, citando o comunismo como forma de governo que “dizimou milhões de inocentes ao redor do mundo”.

‘Não combate uma injustiça com injustiças’

“O fato de uma ideologia repugnante como a nazista ter destruído milhões de vidas exige que tenhamos extrema responsabilidade e seriedade na hora de tratar do tema, não deixando espaço para a calúnia, a difamação e a sua banalização. Não se combate uma injustiça com injustiças”, conclui o texto de Bolsonaro, declarando repúdio ao nazismo.

Em 2019, no Memorial do Holocausto, o presidente da República afirmou que o nazismo é um regime de esquerda. “Não há dúvida, não é? Partido Socialista, como é que é? Da Alemanha. Partido Nacional Socialista da Alemanha”, respondeu Jair Bolsonaro, quando questionado por um jornalista.

Veja abaixo a publicação, na íntegra:

 

Polêmica sobre nazismo

No Flow Podcast dessa segunda-feira (7), o apresentador Bruno Aiub – ou Monark – protagonizou um debate problemático sobre o nazismo ao lado dos deputados Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB). O podcaster questionou se “as pessoas não têm direito de ser idiotas” e defendeu a criação de um partido nazista no país, fato que rendeu seu afastamento do programa e uma chuva de críticas.

As falas com alusão ao nazismo prejudicaram até mesmo o Flow, que perdeu patrocinadores e se retratou nas redes sociais anunciando a “demissão” de Monark, que também é sócio do podcast. O empresário foi alvo de represálias, sobretudo partindo de entidades judaicas, que repudiaram o comportamento e pediram sua detenção às autoridades. Um exemplo é o Grupo Judeus e Judias pela Democracia São Paulo, que recorreu ao Ministério Público do estado.

Calheiros pede cassação de Kim Kataguiri

Não somente Monark foi criticado após a transmissão do episódio de segunda-feira. Kim Kataguiri veio a público depois de apontarem que ele defendeu a ideologia nazista no Flow. O senador Renan Calheiros se pronunciou na internet a fim de pedir a cassação do mandato do deputado federal, alegando que o posicionamento dele é “caso de cadeia”.

No Instagram, Kim publicou uma nota de posicionamento direcionada à comunidade judaica e rebateu as acusações nas redes sociais. Segundo ele, é “muito melhor expor a crueldade dessa ideologia nefasta para que todos vejam o quanto ela é absurda. Sufocar o debate só faz com que grupos extremistas cresçam na escuridão e não sejam devidamente combatidos e rechaçados”.

Adrilles Jorge é demitido da Jovem Pan

O apresentador e ex-BBB Adrilles Jorge foi outro penalizado após insinuar apoio à ideologia nazista. Ex-comentarista da Jovem Pan, ele fez um aceno semelhante a uma saudação usada para mostrar apreciação a Adolft Hitler durante a época do holocausto. Na ocasião, ele discutia com outros apresentadores da emissora sobre a fala antissemita de Monark e usou o gesto para se despedir.

“Fui demitido da Jovem Pan. Por dar um tchau deturpado por canceladores. Infelizmente a pressão de uma turba canceladora e sua sanha de sangue surtiram efeito. Agradeço à Jovem Pan pela oportunidade e a todos os amigos que lá conquistei e que em mim confiam e apoiam”, disse.

Ele ainda afirmou que não fez “rigorosamente nada” e que é “anti-nazista por natureza”. “Posso até pedir desculpas pelo calor do momento a pessoas que eventualmente tenham se enganado em relação ao meu gesto, particularmente à comunidade judaica. Eu jamais faria, nunca, de forma alguma, um gesto ignominioso a título de gracejo ou qualquer outra coisa”, disse.

Confira momento da saudação abaixo:

Edição: Vitor Fernandes