Defensoria Pública envia recomendações ao Mineirão para coibir casos de assédio e racismo

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O Mineirão tem 20 dias para responder à recomendação e informar quais medidas serão implementadas para coibir essas práticas (Amanda Dias/BHAZ)

Após os recentes casos de racismo e assédio sexual registrados em jogos no Mineirão, a DPMG (Defensoria Pública de Minas Gerais) enviou à administração do estádio um documento que sugere a adoção de medidas para o enfrentamento de episódios como esses. Agora, a Minas Arena, responsável pelo Mineirão, tem o prazo de 20 dias para responder à recomendação e informar quais medidas serão implementadas para coibir essas práticas.

Para elaborar o documento, no último dia 18, membros da Câmara de Estudos de Igualdade Étnico-Racial, de Gênero e de Diversidade Sexual e da Coordenação Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres se reuniram com três das vítimas de violência de gênero e práticas racistas ocorridas no estádio.

De acordo com o defensor público Paulo César Azevedo de Almeida, a medida visa sensibilizar a Minas Arena sobre a necessidade de se ajustar os esquemas de segurança para proteger e acolher as torcedoras.

“Daremos preferência ao tratamento da questão na via extrajudicial, porque essa é a prioridade da DPMG. E acreditamos que, no âmbito do diálogo e do acordo, poderemos alcançar a qualificação da equipe de segurança, melhorar as estruturas do estádio e promover campanhas continuadas de educação em direitos para as torcedoras e os torcedores”, disse.

Medidas recomendadas

Além da realização de campanhas educativas, como a lançada neste mês pelo Mineirão, a Defensoria Pública propõe a adoção de medidas estruturais voltadas para a proteção das torcedoras e trabalhadoras do estádio. Um exemplo disso é a capacitação dos profissionais responsáveis pelo acolhimento das vítimas de violência de gênero e racial.

O órgão também recomenda a facilitação do acesso aos bares para as mulheres, se possível, com indicação de filas exclusivas para as torcedoras. É sugerida, ainda, a instalação de grades de proteção nesses locais, a fim de reduzir a exposição das trabalhadoras e ampliar a sua segurança, além da contratação de profissionais mulheres.

A DPMG também sugere a realização de cursos de formação continuada em gênero, com recorte de etnia-raça e classe social, aos profissionais que prestam o acolhimento inicial às vítimas. O BHAZ solicitou um posicionamento à Minas Arena a respeito dessas recomendações, mas até a publicação da matéria não teve uma resposta.

‘Repense suas atitudes’

No último dia 18, o Mineirão anunciou anunciou uma campanha contra a importunação sexual, com o objetivo de “combater condutas que são contra a liberdade sexual em jogos de futebol”. A ação é feita em parceria com diversas instituições, como a FMF (Federação Mineira de Futebol), órgãos públicos de Belo Horizonte e de Minas Gerais, e os clubes da capital, América, Atlético e Cruzeiro (veja aqui).

A ideia foi colocada em prática cerca de uma semana após o registro de um caso de assédio no estádio, durante a partida entre Atlético e Corinthians. Chamada “Repense Suas Atitudes Com As Mulheres”, a campanha tem o objetivo de promover uma comunicação de impacto nas redes sociais e no próprio local.

Com DPMG

 


 

Edição: Giovanna Fávero

Com BHZ