101 municípios se preparam para enfrentar as arboviroses
Mais de meio milhão de casos confirmados de dengue. Mais de 50 mil casos confirmados de chikungunya. Esses são os números da macrorregião de Saúde Centro, até 4/11/24, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Nesse contexto, a SES-MG, por meio das Unidades Regionais de Saúde de Belo Horizonte, Itabira e Sete Lagoas, realiza nos dias 12 e 13/11, o II Seminário de Arboviroses, na Faculdade Anhanguera, em Belo Horizonte. Composta por 101 municípios e com mais de 6 milhões de habitantes, a macrorregião reúne 425 profissionais da saúde pública, entre técnicos e gestores.
O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Campos Prosdocimi, explica a estrutura do evento. “O primeiro dia é voltado para as estratégias de vigilância, os planos municipais de contingência, discutir a questão da vigilância laboratorial e estratégia de vigilância epidemiológica. O segundo dia é voltado para como cuidar de forma adequada dos pacientes”. Prosdocimi ressalta que o processo de gestão é contínuo. “Com esse evento, antecipamos todas as ações fechando o ciclo de capacitação para iniciarmos esse período que tem maior número de casos de arboviroses”. Sobre a epidemia de 2024, o subsecretário destaca a necessidade de capacitação de profissionais. “O Estado vem investindo firme no sentido de preparar e capacitar. Temos que ter equipes preparadas para ter condições de atuar em casos de aumento de casos de dengue e chikungunya no final de 2024 e início de 2025”.
O diretor Regional de Saúde de Itabira, Maurício Geraldo Marques, destacou que o Seminário Macrorregional de Arboviroses tem como principal objetivo conscientizar e mobilizar profissionais de saúde e gestores sobre o aumento expressivo de doenças transmitidas pelo mosquito da dengue nos últimos anos. Segundo ele, o evento busca, além de alertar para o problema, antecipar ações e promover a capacitação necessária para reduzir os óbitos registrados no ano anterior, preparando a região para enfrentar novos desafios de saúde pública relacionados às arboviroses.
“As ações de prevenção e capacitação são essenciais”, afirmou Maurício Geraldo Marques, destacando que, “com políticas de saúde consistentes, iremos reduzir significativamente os surtos”. Segundo ele, investimentos contínuos em campanhas de conscientização e na infraestrutura básica de saneamento são fundamentais para fortalecer a prevenção e conter o avanço do problema. “Ações como o seminário representam uma resposta proativa, promovendo conscientização e soluções sustentáveis para a saúde pública”, finaliza.
“As arboviroses têm se transformado numa ameaça constante em regiões tropicais devido às rápidas alterações climáticas, desmatamentos, migração populacional, ocupação desordenada de áreas urbanas, além da precariedade das condições sanitárias que proporcionam a amplificação e transmissão viral. A dengue, a chikungunya e o zika vírus, doenças que têm atingido não só a classe baixa, como também a média e a alta”, ressalta a referência técnica em controle de endemias da Regional de Saúde de Sete Lagoas, Ronaldo Felex. Ronaldo destaca ainda que o Monitoramento Integrado de Vetores (MIV) é um processo de tomada de decisões para controle populacional dos mosquitos, para reduzir ou interromper a transmissão de doenças. “A adoção do MIV obedece a um processo cíclico que envolve análise situacional, desenho de operação e planejamento, implementação, monitoramento e avaliação”, explica.
O coordenador de Vigilância em Saúde da Unidade Regional de Saúde de Belo Horizonte, Francisco Lemos, ressalta o potencial da formação de multiplicadores municipais do ponto de vista assistencial. “É uma oportunidade para a capacitação de profissionais dos municípios, tornando-os multiplicadores do conhecimento em seus territórios, em tempo oportuno”. Lemos salienta que, além da preparação de profissionais, é essencial a participação da população. ”No controle de focos dos mosquitos transmissores de doenças, em especial as transmitidas pelo Aedes, como a dengue, a chikungunya e a zika, além de poder reintroduzir a febre amarela no meio urbano, essa participação é ainda mais importante, pois a maioria dos focos estão dentro dos imóveis e podem ser introduzidos ou reativados no intervalo das visitas dos agentes municipais”. Nesse contexto, o coordenador aponta a importância dos eventos de mobilização. “As ações de mobilização servem para reacender a lembrança de todos de verificar a existência de focos ou possíveis focos, em seus domicílios e locais de trabalho, permitindo a redução da população de mosquitos e, consequentemente, o risco de adoecimento”.
A técnica superior de informação da saúde do município de Pedro Leopoldo, Rachel Lage, destaca o papel da capacitação no contexto das mudanças climáticas. “Fazer eventos que capacitem o maior número de técnicos possíveis em um momento pré-sazonal é imprescindível para se organizar ações importantes em tempo hábil, para impactar no controle e combate das arboviroses”. Em relação à mobilização social, Lage aponta a necessidade de a população ser também responsável. “Fazer toda população se sentir como atores principais e corresponsáveis pela prevenção e promoção da saúde, traz melhores resultados. Uma população educada, informada e mobilizada é transformadora de realidades!”, declara.
Por Flávio Ribeiro, Leandro Heringer e Nayara Souza