MINAS RETOMA TRANSPLANTES DE PULMÃO APÓS 9 ANOS

Minas Gerais deixou de realizar o procedimento há nove anos e estima-se que até 30 pessoas poderiam ter sido transplantadas anualmente em todo o estado
Minas Gerais deixou de realizar o procedimento há nove anos e estima-se que até 30 pessoas poderiam ter sido transplantadas anualmente em todo o estado (foto: Pixabay)

 

As cirurgias de transplante de pulmão serão retomadas em todo o estado, que estavam suspensas há nove anos. Foi o que anunciou ontem, em comemoração ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti. As doações já podem ser realizadas, bastando existir a compatibilidade entre doador e paciente.
“Até então, os transplantes, a maior parte ia para São Paulo, chegando ir até para o Rio Grande do Sul. Agora vai ser diferente, o estado de Minas faz o transplante e nós vamos começar a receber pacientes do Centro-Oeste e também do Espírito Santo”, afirmou Baccheretti.
O secretário disse que os esforços entre o Governo do Estado, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o Hospital das Clínicas (HC), foram fundamentais para a retomada do transplante de pulmão. Serão cerca de R$ 10 milhões em recursos destinados para o estado, uma parte para as equipes intra-hospitalares de captação e a outra vinculada aos transplantes.
“Avise, comunique a sua família, seja nesse final de semana, num jantar ou num almoço, que você é um doador. A gente tem uma taxa de recruta de mais de quarenta por cento na doação e precisamos garantir mais doação”, termina.

Doar é fundamental

Omar Lopes Cançado Júnior, diretor do MG Transplantes, ressaltou que, nesse período de nove anos em que as cirurgias estiveram suspensas, poderiam ter sido transplantados de 20 a 30 pulmões por ano.
“Tínhamos que mandar esse paciente para fora do estado, e às vezes, isso é uma coisa que é extremamente difícil. Esses pacientes são extremamente graves e a maior parte deles acabam falecendo antes de conseguir ser transplantado ou antes de conseguir ser avaliado por uma equipe fora do estado”, analisou.
Além disso, o diretor aponta que estão sendo realizados cursos de capacitação para identificar o doador, tratá-lo de forma adequada para aproveitar o maior número de órgãos possíveis. “Um único doador pode salvar ou melhorar a qualidade de vida de dez ou mais pessoas que estão esperando”, conclui.
O secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, diz que o Hospital das Clínicas será fundamental nesse processo de retomada dos transplantes de pulmão e garantiu que o governo federal irá aumentar os recursos para a instituição.
“Eu gostaria que a gente agora no mês de outubro fizesse as negociações, as avaliações, tramitasse os documentos e publicasse. A Nísia Trindade (ministra da Saúde) já está sabendo disso, para termos os novos recursos”, afirma.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

INFORMAÇÃO DENTRO A FAMÍLIA

Pesquisa realizada pelo Grupo Zelo com mais de 200 pessoas mostrou que 60% dos entrevistados não sabem dizer se integrantes do seu núcleo familiar (pais, irmãos e filhos) têm o desejo de doar órgãos. Indagados se têm conhecimento de pessoas do seu círculo de relacionamento que foram doadoras após falecerem, 60,5% informaram desconhecer a informação. Entre os participantes do levantamento, 86,2% afirmaram conhecer menos de cinco pessoas que foram doadoras de órgãos.

Com EM