Morte de criança picada por escorpião leva a indiciamento de médica que negou antídoto em Minas

Uma criança de 4 anos morreu depois de ser picada por escorpião e não receber o tratamento correto em hospital de Itanhomi, no Vale do Rio Doce. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) finalizou nesta terça-feira (17) as investigações do caso e acusou formalmente uma médica de 45 anos de morte por negligência.

O garoto foi levado ao hospital em 16 de setembro de 2023 apresentando sinais típicos de intoxicação por veneno de escorpião. Segundo as investigações, a médica responsável escolheu observar as reações do paciente e não ministrou o antídoto – que estava disponível na unidade de saúde. Segundo a PC, outros profissionais recomendaram sua aplicação.

Depois de algumas horas, a profissional decidiu liberar a criança. Por orientação de outra funcionária do hospital, a família resolveu procurar atendimento especializado em Governador Valadares, cidade a 54 quilômetros de distância. O menino foi levado para a UTI infantil, mas não conseguiu se recuperar e morreu no dia seguinte.

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Investigação aponta erro médico

A investigação policial envolveu entrevistas, exames técnicos, análise de documentos e interrogatório da médica investigada. O relatório do Instituto Médico-Legal confirmou a ligação direta entre a picada do escorpião e a morte da criança, além de apontar falha no primeiro atendimento.

As provas coletadas durante a apuração mostraram que a atitude da profissional foi contra as regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde. A investigação revelou desrespeito às normas técnicas e falta de cuidado com a fragilidade do paciente.

Pedido de afastamento profissional

Além da acusação formal por morte por negligência, a PCMG pediu o afastamento temporário da médica de suas atividades profissionais. A medida foi baseada na avaliação de que a conduta mostra falta de preparo técnico e emocional, criando perigo para outros pacientes.

Segundo o delegado Rodrigo Luiz Nalon Moreira, responsável pela investigação, “trata-se de uma tragédia que poderia ter sido evitada com o cumprimento das regras básicas de atendimento. A investigação foi realizada com rigor técnico, e as evidências mostram uma falha grave no exercício da medicina”.

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