Mulher conta que marido filmou a chuva minutos antes de morrer em Petrópolis: ‘Depois te ligo’

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Já são 176 vítimas da tragédia (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Marcelo Antônio Kronemberger, de 53 anos, estava em uma ligação com a esposa minutos antes de morrer na tragédia em Petrópolis, na região Serrana do Rio. Na última terça-feira (15), a casa em que ele estava com o irmão Luiz Antônio Kronemberger, de 59 anos, foi levada por um avalanche de lama e pedras. Os dois morreram no deslizamento e os corpos já foram localizados.

Em conversa com o g1, a esposa do homem, Sandra Rocha, de 51 anos, contou sobre a última conversa que teve com o marido. “Ele começou a gritar ‘depois te ligo! Depois te ligo! Vou ter que desligar’, e saiu correndo. Eu tentei ligar de volta, mas já não atendia mais”, relatou ao portal.

A mulher estava na parte baixa do bairro, na casa da mãe, quando recebeu a notícia do deslizamento, 15 minutos após o telefonema. “Ele estava me falando para eu não sair de onde eu estava, que estava perigoso. Gravou um vídeo para me mostrar que descia muita água no morro, que ele estava preocupado. Aí logo depois aconteceu isso”, detalhou.

Segundo a irmã de Sandra, o casal estava justamente conversando sobre se mudar dali. “Eles estavam juntando um dinheiro pra construir uma casa ali mesmo. No dia da chuva, ele fez um vídeo pra mostrar a situação e ela ficou com medo. Ela disse: ‘não vamos ficar aí não. Vamos pegar esse dinheiro e comprar um terreninho em outro lugar’. Mas não deu tempo”, disse a irmã.

176 vítimas

As mortes provocadas pela chuva da última semana em Petrópolis, na região serrana fluminense, já chegam a 176, segundo informações do Corpo de Bombeiros, atualizadas nesta segunda-feira (21). As equipes trabalham dia e noite no resgate de vítimas. Além dos corpos encontrados, os bombeiros retiraram 24 pessoas com vida.

Segundo a prefeitura de Petrópolis, 114 corpos tinham sido sepultados até a noite de ontem. O trabalho de identificação e liberação de corpos continua sendo feito pelo Instituto Médico Legal (IML). Também estão sendo procurados mais de 100 desaparecidos.

O temporal mais forte caiu no dia 15 de fevereiro, mas desde então a chuva voltou a atingir a cidade em diversas ocasiões. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão para hoje é de pancadas de chuva ao longo do dia.

Ontem, a Defesa Civil de Petrópolis acionou, no fim da tarde, as sirenes do primeiro distrito, além de emitir avisos por SMS e grupos de comunicação por aplicativo. O primeiro distrito envolve a parte mais densa da cidade e os bairros já atingidos pelos deslizamentos de terra e enchentes do dia 15, como Alto da Serra, Bingen, Quitandinha, Valparaíso e centro.

Edição: Vitor Fernandes