Pastor que aproveitou ausência de pais para abusar de criança de 6 anos em Minas é preso

viatura-pcmg
Homem foi preso em cidade de São Paulo (Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação)

Um pastor de 53 anos foi preso nesta quarta-feira (15) por abusar sexualmente de uma criança. O crime ocorreu no último dia 23 de agosto, quando o autor foi recebido na casa dos pais da vítima, de seis anos de idade, na cidade de Fronteira, na região do Triângulo Mineiro. O homem foi preso no município de Riolândia, na região noroeste do estado de São Paulo.

A operação foi feita em conjunto com as polícias de Minas Gerais e de São Paulo. Segundo as investigações, o autor do crime atuava como pastor na igreja que a família da criança frequentava, em Minas. Ele praticou o abuso quando teve a oportunidade de ficar sozinho com a vítima em casa. Após o crime, o pastor se mudou para o outro estado.

Segundo o delegado Bruno Hussain, a criança contou o ocorrido à mãe logo após o homem deixar a residência. Em seguida, ela foi levada para para atendimento médico e a família apresentou denúncia na Polícia Civil. Os policiais encaminharam à Justiça o pedido de prisão temporária do autor.

‘Não é um caso isolado’

O delegado ainda explica que não o caso não é isolado. “As investigações também concluíram que o pastor suspeito já esteve envolvido em outros episódios de abusos sexuais contra menores, tendo como vítimas crianças de famílias que frequentavam sua igreja tanto em Minas Gerais quanto no estado de São Paulo”, disse.

O mandado judicial foi cumprido por policiais civis da cidade de Fronteira, com apoio de uma equipe da Delegacia Regional em Frutal, em Minas, e da Delegacia em Riolândia-SP.

Abusador não tem ‘cara’: Entenda como prevenir, identificar e denunciar abusos infantis

Recentemente, a repercussão negativa de um vídeo publicado no Instagram de Wesley Safadão voltou a trazer à tona o debate sobre os riscos aos quais as crianças são expostas diariamente. As imagens, que mostram o pastor André Vitor tentando abraçar uma criança por trás, geraram revolta em milhares de brasileiros, dividiram opiniões e voltaram os holofotes para um tema delicado: o abuso infantil. Diariamente, são centenas de casos reportados – boa parte deles, praticados por pessoas próximas às vítimas, o que apenas comprova a complexidade do problema que muitos ainda insistem em minimizar.

Uma cartilha atualizada recentemente pelo governo federal mostra que, apenas em 2020, o Disque 100 teve 95,2 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes. Os registros corresponderam a mais de 368 mil denúncias e incluem, além de abuso sexual, estupro e exploração sexual, violência física e psicológica. Os dados são da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.

De acordo com a cartilha, de 2011 ao primeiro semestre de 2019, foram registradas mais de 200 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no Disque 100. “Considerando o fato de que pesquisas afirmam que apenas 10% dos casos são notificados às autoridades, somos impactados com a impressionante cifra de mais de 2 milhões de casos neste período em nosso país”, aponta o material.

Em conversa com o BHAZ, a Delegada Iara França Camargos, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente de Belo Horizonte, alerta que o abusador infantil não tem “cara”. E é justamente essa ausência de sinais que dificulta o processo de denúncia, já que o criminoso pode ser, como acontece na maioria dos casos, alguém “de confiança” da família ou até mesmo um familiar.

“A gente normalmente não tem nenhuma pista sobre o autor e é aí que mora a dificuldade. Ele pode ser uma pessoa super bem quista, conhecida e respeitada, e ao mesmo tempo também pode ser alguém mais humilde. Fatores financeiros ou sociais não são determinantes, nosso papel é investigar qualquer indivíduo sob suspeita”, explica a delegada (leia mais aqui).


 

Com BHZ