A Promotoria de Justiça de Abaeté, na Região Central de Minas, vai apurar a abordagem violenta de dois policiais militares, que, na semana passada, espancaram Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, após ele ser imobilizado durante uma ação policial. A namorada do jovem, Maísa Tavares, de 18, também foi agredida.
A promotoria confirmou à reportagem do Estado de Minas nesta quinta-feira (18/9) a abertura de um procedimento intitulado “Notícia de Fato”. O objetivo é analisar se há elementos suficientes que justifiquem a abertura de uma investigação – ou seja, um inquérito civil.
Nas imagens que ganharam as redes sociais – gravadas por uma testemunha que optou por não se identificar por medo de represálias –, o jovem cai no chão. Enquanto um dos policiais agride violentamente o rosto do rapaz, que tenta se proteger com os braços, outro militar segura suas pernas. Ele foi golpeado pelo menos 11 vezes e acabou desmaiando.
Para o advogado, que também é conselheiro seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas, o episódio é um claro abuso de autoridade.
“O resultado do exame do IML já saiu e constatou diversas escoriações. Hoje, meu cliente foi ao oftalmologista em decorrência de intensas dores. Fiz um pedido ao delegado da Polícia Civil para que o policial que deu os socos seja indiciado por tentativa de homicídio”, contou o advogado à reportagem.
Na segunda-feira (15/8), o EM mostrou que o policial que agrediu Marcos Mendonça Gonçalves foi transferido para outro destacamento. Conforme o tenente-coronel Flávio Santiago, chefe do Departamento de Comunicação da PM em Minas, ele foi realocado para outra região e “está prestando serviços administrativos até que as investigações sejam concluídas”.
Entenda o caso
Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar teria recebido uma denúncia de que havia um homem soltando bombas em uma praça perto de crianças. Durante a abordagem, a PM alegou que foi desacatada com diversos xingamentos e, ao receber voz de prisão, Marcos teria resistido e “agrediu um dos militares com chutes e mordidas”.
“Visando se defender das agressões, e resguardar a vida dos militares, foi necessário fazer o uso da força com golpes de defesa pessoal”, justificou a PM.
Questionado sobre a versão dos policiais, o jovem negou ter sido agressivo. “Não os desacatei. E mesmo que tivesse feito isso, nada justifica o que fizeram. É um absurdo!”, declarou, na ocasião, em entrevista ao EM.
Com EM