Carlos Gomes, 56 anos, um baiano apaixonado por artes plásticas. Essa é a identidade do homem que morreu ao cair da mureta da rua Sapucaí, no fim de semana passado. No domingo (12), o BHAZ publicou um relato sobre a cobertura da triste notícia. O texto detalha como o local continuou movimentado e festivo enquanto peritos ainda trabalhavam na retirada do corpo. O artigo sensibilizou a família do artista plástico, que decidiu compartilhar com a nossa reportagem um pouco da história de vida dele.
Morador de Salvador, na Bahia, Carlos era solteiro e não tinha filhos. Ele estava na capital mineira há cerca de dois meses. Veio à cidade para se encontrar com outros familiares após a morte da mãe.
Dedicava-se às artes plásticas e fazia pinturas em diferentes suportes, de telas a camisetas. Arianne Belfort, 31, conta que o tio era um ”baiano arretado”.
”Meu tio era artista plástico em Salvador, um fã de arte, nem telefone ele tinha. Tinha dois meses que estava aqui e começamos a conviver com mais frequência. Ele ficava aqui em casa ou na casa da outra irmã”, conta a sobrinha. “Ele expunha e vendia arte lá em Salvador, um cara sensacional, tranquilo e da paz”, completa.
Segundo Arianne, que trabalha como barbeira, a morte do tio abalou a todos. ”A morte da minha avó a gente estava esperando, ela tinha um histórico de doença neurológica, mas a dele pegou todo mundo muito desprevenido, foi uma partida precoce”, afirma. ”Uma morte simbólica e trágica, um artista plástico que morreu em um local de apreciação de arte”, diz, em referência aos murais do CURA (Circuito Urbano de Arte).
Arianne explica que ficou sensibilizada com o fato das pessoas terem permanecido nas proximidades do local da morte do tio. ”Me chocou muito algumas pessoas continuarem lá. Primeiro por estarmos em pandemia e a Sapucaí ‘cuspindo’ gente”, conta.
A família acredita que Carlos foi parar na Sapucaí durante uma caminhada. Ele tinha o hábito de andar pela cidade, conhecendo os lugares. Desta vez, não retornou. Arianne conta que a morte do artista plástico foi informada por funcionários de uma funerária que fica perto do IML (Instituto Médico Legal).
A Polícia Civil vai investigar as circunstâncias da morte de Carlos. Até o momento, o que se sabe é que ele chegou a sentar na mureta da rua Sapucaí e pode ter consumido bebidas alcóolicas no local. Testemunhas dizem que depois só o viram já caído. Profissionais de saúde que estavam perto tentaram socorrê-lo. O SAMU confirmou o óbito após as tentativas de reanimá-lo.
Os familiares de Carlos o homenagearam no enterro vestindo camisas estampadas por ele. Uma lembrança deixada pelo artista, filho, irmão e tio. ”A vida e um sopro, uma partícula, o fato e que a gente esta vivendo, o tempo todo, o último momento, mas nunca se dá conta, apenas na partida”, reflete Arianne.
Com BHZ