Raio-X de paciente com cisticercose surpreende a web; veja do que se trata

radiografia tórax
Médico publicou que paciente estava tossindo há dois meses antes de fazer a radiografia (Reprodução/@vitorborin_/Twitter)

O relato de um médico tomou conta das redes sociais e vem colocando internautas em estado de alerta. Trata-se da radiografia torácica de um paciente que desenvolveu cisticercose disseminada, transmitida por meio da ingestão de ovos da tênia.

Em post no Twitter, nesse domingo (16), Vitor Borin de Souza explicou que o paciente em questão apresentava tosse há dois meses. Por coincidência, ele acabou descobrindo a condição no exame de imagem: uma série de lesões calcificadas de larvas por todo o tórax e braços.

Ao contrário da teníase, a doença não é adquirida ao comer carne mal malcozida, mas vegetais contaminados. Isto é, o paciente ingeriu alimentos contaminados com ovos de tênia.

Lesões calcificadas

Em conversa com o BHAZ, o biomédico Samuel Alcântara explica como se dá o processo de calcificação das larvas. No tuíte, o médico Vitor Borin de Souza já havia informado que, se o paciente não tiver lesões dentro da cabeça, na medula ou nos ossos, não há necessidade de tratamento.

“Depois que as larvas vão pra corrente sanguínea e se alojam no músculo, ficam aguardando pra que entrem no novo ciclo. Mas agora não se trata de um animal, é uma pessoa. Elas ficam como se fossem inativas, então não vai ter uma consequência específica”, diz o especialista em análises clínicas.

O biomédico ressalta que, quando se hospeda em locais problemáticos como olhos e no cérebro, pode haver consequências mais danosas. “Nesse caso do tuíte, é mais complicado. É o que a gente chama de infestação, a quantidade de larvas que a gente vê na musculatura é bem grande”, destaca.

Reprodução/Twitter

Samuel afirma que, quando as larvas se alojam em músculos ou em outras partes do organismo, o sistema imunológico tende a perceber que se trata de um corpo estranho. Desse modo, constrói uma espécie de “parede de células” ou cápsula.

“Acontece que, se eu tenho uma infestação muito grande dessas larvas, vou estar enrijecendo e criando um monte de cápsulas no tecido. E aquilo ali vai começar a se tornar inativo, pode trazer um dano no acometimento da função desse órgão ou musculatura, podendo causar dor”, continua.

Prevenção e tratamento

Assim como o autor do tuíte, o biomédico Samuel ressalta que a principal forma de prevenir a doença é lavar bem os alimentos. Mas ele ainda pontua que a falta de saneamento básico é um fator primordial para a contaminação.

“Se essas verduras, legumes e hortaliças foram contaminadas, é uma região que tem, de alguma forma, uma via de contaminação com fezes humanas. E aí acontece o que chamamos de contaminação cruzada”, diz.

À reportagem, o biólogo e mestrando em Parasitologia João Alexsander Silva Costa destaca que, normalmente, não há tratamento para a cisticercose. Em casos pontuais, há o tratamento dos sintomas ou cirurgias para a retirada das lesões calcificadas.

Reprodução/Twitter

“Os sintomas vão ser variados, porque vai depender de onde os ovos foram parar. Esses cistos, que vão ser formados a partir desses ovos, onde estão localizados, se está em um estágio mais avançado ou inicial, quantos há”, afirma.

Para evitar pegar a doença, a dica é: lavar bem os alimentos antes de consumir. De acordo com o autor da publicação no Twitter, não é necessário ou indicado tomar vermífugos anualmente caso não haja motivos para tal.

Edição: Roberth Costa

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

Com BHZ