Vídeo: Fotógrafo captura cena impressionante de sucuri prestes a devorar capivara em rio

Fotógrafo conta que sucuri deveria ter entre 5 e 6 metros
(Arquivo pessoal/Hudson Garcia)

O fotógrafo da natureza Hudson Garcia conseguiu imagens impressionantes de uma sucuri se alimentando de uma capivara adulta, enquanto fazia um mergulho em um rio de água cristalina. A sucuri-verde, cujo nome científico é eunectes murinus, aparece na filmagem preparando a presa, já morta, para a refeição. Hudson conta que capturou as imagens impressionantes em Bonito (MS) – a 279 km de Campo Grande.

Ao BHAZ, o fotógrafo de 42 anos, conta que viajou para a cidade há alguns anos, ficou pouco tempo e apaixonou-se. Após a primeira experiência, o retorno para a cidade ocorreu a trabalho. “Fui convidado pelo pessoal da Secretaria de Turismo de Bonito, recebi um apoio deles. O turismo lá é muito organizado, tudo passa pela Sectur, então você tem que ter vaucher para tudo. São muitos passeios, é uma coisa bem estruturada a parte de turismo da cidade”, relembra.

“Eu fiz a maioria dos passeios e fiz um registro bem grande, um trabalho bem grande lá”, conta. Foi durante um desses trabalhos que, despretensiosamente, Hudson achou a sucuri. “Teve um dia que eu estava fazendo um típico passeio de flutuação, em um daqueles rios de água cristalina. Foi uma total surpresa, eu não estava esperando nada disso”, afirma.

A Sucuri

Hudson conta que estava mergulhando no rio, quando seu colega o surpreendeu. “Eu estava com uma câmera dentro de uma capa de silicone, que é para mergulho raso, de flutuação só, para fazer umas subaquáticas e a pessoa que estava comigo de repente me parou e falou: ‘cara, tem uma coisa ali na frente que você não vai acreditar’. Foi onde a gente se deparou com aquela cena, é realmente muito incomum você ter a oportunidade de ver um animal daquele porte em um rio de água cristalina com a presa. É uma cena bem inusitada”, relata.

Hudson é fotógrafo há mais de 20 anos e nunca tinha visto uma cena como aquela. “É uma emoção você estar em um lugar e ter o privilégio de ver uma cena dessas. Naquela situação, na minha cabeça como fotografo da natureza, só passa a emoção de ver uma coisa que é tão rara, principalmente hoje em dia”, lembra emocionado.

“A gente se sente como que visitando um Brasil perdido, um Brasil de 500 anos atrás. É uma coisa assim, a gente imaginar que isso devia existir em muito maior quantidade, deveria ser muito mais frequente, mas hoje em dia é uma coisa rara. então é um grande privilégio você ver uma coisa dessas. E naquele cenário, da região de Bonito, com aquele rio, que é totalmente de água cristalina, é um presente da natureza”, afirma o fotógrafo.

Hudson relembra que a sucuri era bem grande e faz uma estimativa de seu tamanho a partir do tamanho da capivara adulta. “Eu acredito que ela deveria ter uns 5, talvez até 6 metros, mas isso é um palpite, porque o animal está enrolado e eu não tenho como saber exatamente”, diz.

Sem sinal de agressividade

O fotógrafo relata que não teve medo da sucuri ficar agressiva, uma vez que já trabalhou com serpentes antes e sabe seu comportamento. “Eu já trabalhei com serpentes em várias situações. Costumo sempre trabalhar com biólogos, com pesquisadores, e a gente aprende a conhecer um pouco da linguagem do animal. Prestando atenção você percebe se o animal está triste, está calmo, só pelo jeito que ele se comporta. Aquela serpente em momento nenhum demonstrou qualquer sinal de agressividade comigo”, diz.

Hudson revela ainda um truque que aprendeu com um amigo biólogo para descobrir se uma cobra sente-se ameaçada. “Tem uma coisa que eu aprendi com um biólogo, uma vez, e eu nunca mais em esqueço. [Ele] falou para mim: ‘Hudson, cobra esticada não ataca’. O primeiro sinal de uma serpente quando ela quer te atacar, ela quer te fazer mal, ela retrai a parte posterior do corpo”, explica.

“Uma cobra esticada ela não tem como pular, ela não tem como atacar, ela não tem como projetar o corpo para frente. Então a primeira coisa que você vai ver de uma cobra quando ela estiver em uma postura agressiva ou defensiva é retrair a cabeça para trás, contraindo o corpo, para assim, como se fosse uma mola, ela se preparar para se lançar para frente, que é o bote”, continua.

“Naquelas imagens, se você for ver, o tempo inteiro ela está com o corpo inteirinho esticado, ela não tem como projetar o corpo em um ataque em mim ali. Ela estava completamente relaxada, em alguns momentos ela bota língua, fareja o ar, avalia a água, as vezes até com uma certa curiosidade. Mas ela não estava ameaçada ali na minha presença, na verdade eu fiquei muito pouco tempo também”, continua o fotógrafo.

Hudson explica que decidiu, junto a seu colega, filmar por poucos minutos a sucuri, para não estressar a cobra. “Eu fiquei só alguns minutos registrando aquela cena e depois eu vim embora. Mas isso também foi uma decisão consciente, porque uma sucuri daquele porte, quando pega uma capivara como aquela é uma refeição muito importante para o animal, ela vai levar um bom tempo só para digerir. As vezes ela vai levar um ano até se alimentar de novo, então uma refeição daquela é muito importante para ela e demanda um grande gasto de energia também”, diz.

“Se eu estressasse ela ali, ou se ela ficasse com medo ou agitada, a primeira coisa que ela ia fazer era abandonar a capivara para tentar fugir. Soltar a capivara para ter a agilidade de fugir. Então a minha preocupação naquela hora era essa, ela devia estar muito cansada em função da luta. Eu pensei se ela ficar com medo agora ela vai largar essa capivara e vai fugir. E a capivara vai ter morrido atoa e ela vai perder uma refeição que poderia sustenta-la por uma no. então eu estava com um amigo e a gente decidiu manter o encontro breve, fazer o registro e seguir em frente para não estressar o animal”, finaliza.

Edição: Roberth Costa

Com BHZ