Mais de um mês após ser estuprada durante o parto, a vítima do anestesista Giovanni Quintella Bezerra falou pela primeira vez. Em entrevista ao Fantástico, nesse domingo (14), ela contou que recebeu a notícia da irmã.
“Em vez de eu sair pela porta da frente, com meu filho no colo, eu saí pelos fundos do hospital. Escondida, com vergonha”, disse a mulher. O crime ocorreu no Hospital da Mulher Heloneida Studart, no bairro Vilar dos Teles, em São João de Meriti, no Rio de Janeiro.
O caso de estupro ganhou notoriedade nacional depois que o médico foi preso em flagrante. Na ocasião, enfermeiras e técnicas que já suspeitavam dele esconderam um celular no armário da sala de cirurgia. O aparelho filmou o abuso logo após a vítima dar à luz, na madrugada do dia 11 de julho.
‘Me falou que estava tudo bem’
Questionada sobre como soube do abuso, a vítima recorda que a irmã dela se encarregou de contá-la. “Ela falou: o anestesista abusou de você. Então imaginei tudo, menos que eu ia ouvir isso. Que eu fui abusada”.
Segundo a paciente, o anestesista foi o primeiro da equipe médica a falar com ela. “Ele falou pra mim que ia falar tudo que ele ia fazer e explicar todo o procedimento”.
Antes da anestesia, ela disse que estava se sentindo um pouco enjoada, então Giovanni tirou a máscara que ela usava e a colocou no oxigênio. “Eu lembro que ele falou pra mim que estava tudo bem, pra eu ficar tranquila que ele estava me monitorando”, diz.
A vítima – que já era mãe antes do ocorrido – começou a se sentir estranha na sala de cirurgia. Fraca, ela sentia uma das mãos com pouca força e, naquele momento, recordou que não passou por aquilo nos partos anteriores. Apesar de preocupada, achou que “não seria nada demais”.
Em conversa com a reportagem do Fantástico, ela diz que se lembra de pouca coisa depois de o filho nascer. Um dos flashes é o momento em que tiraram foto do bebê, quando ele estava no colo de Giovanni.
Anestesista tirou marido da sala de parto
Logo após o nascimento, o anestesista disse ao marido da vítima que ele precisaria deixar a sala. Dessa forma, o rapaz só ficou sabendo do abuso pelas autoridades policiais.
“A gente estava no quarto, aguardando. E veio a delegada até mim, mais o oficial. Eu fiquei até espantado, sem entender o que estava acontecendo, achei: ‘Será que eu cometi algum crime?’ Foi quando ela se dirigiu até mim e disse pra mim que a minha esposa tinha sido violentada”.
“Depois que o bebê nasceu, eu não passei mais do pano. Daquele pano que fica ali, o pano que estava tampando o rosto dela”, afirma o homem. “No caso, eu via só a mão dela. Eu toquei a mão dela e saí”, narra.
‘Tentava cuspir, mas não conseguia’
A vítima acordou sem saber o que havia acontecido. Segundo conta ao Fantástico, ela sentiu um líquido gosmento na boca e logo questionou se seria vômito, mas concluiu que não. Giovanni havia separado algumas gazes para caso ela precisasse, mas ela não os encontrou.
“Outra coisa bem desagradável é que eu percebi que tinha algo na minha boca. É, alguma coisa, assim… um líquido bem gosmento”, relembra. “Eu tentava cuspir, mas eu não conseguia, porque quando eu disse que tava enjoada antes do parto o anestesista colocou uma gazes do meu lado esquerdo. Se eu vomitasse, teria aquilo ali, a gazes. Eu olhei e já não vi mais. Não tinha nada ali”.
O médico anestesista usou a gaze para limpar o rosto da paciente após o estupro. Desconfiados do comportamento do médico, integrantes da equipe recolheram o material no lixo e entregaram aos policiais.
Relembre o crime
Um médico anestesista foi preso em flagrante por estuprar uma paciente durante um parto cesariana. O crime ocorreu na madrugada desta segunda-feira (11), no Hospital da Mulher Heloneida Studart, no bairro Vilar dos Teles, em São João de Meriti, no Rio de Janeiro.
Giovanni Quintella Bezerra foi filmado por enfermeiras e técnicas da unidade de saúde durante um parto em que participava. A equipe médica vinha desconfiando do comportamento do homem, como, por exemplo, em relação à quantidade de sedativo aplicado nas gestantes.
Em vídeo gravado por enfermeiras e outras profissionais, o suspeito aparece colocando o órgão genital na boca de uma paciente, deitada na mesa de cirurgia. A prisão foi feita pela delegada Bárbara Lomba Bueno, responsável pela Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti.
A reportagem ressalta que o vídeo captou Giovanni aplicando a sedação na vítima sete vezes, o que colocou a vida dela em risco. O médico anestesista foi indiciado por estupro de vulnerável e teve o título cassado pelo Conselho Regional de Medicina. Ele está preso em uma cela individual e é representado pela Defensoria Pública, que não se posicionou ao Fantástico.
Com BHZ