O Espaço Multiúso Etelvino Avelar, na Feira dos Produtores, no bairro Esplanada da Estação, foi tomado por um movimento em comemoração ao Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha e aos 16 anos da Lei Maria da Penha, neste domingo (7). As atividades propostas foram acompanhadas por um grande público. As crianças puderam aprender um pouco dos passos do Hip Hop; a Maratona de Tranças lembrou a cultura africana; a roda de conversa Entre Elas pontuou o que é “Ser mulher e ser mulher negra” e para encerrar o evento, a roda de samba “Elas e Eles” deu o tom da festa, com muita alegria e descontração.
O encontro promovido pela Diretoria de Promoção de Igualdade Racial, dentro do programa Itabira Delas, da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), ainda marcou a pré-abertura do Festival de Cultura Popular em Itabira. A ação também envolveu a participação da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA). O evento atende uma proposta da atual gestão de envolver diversas secretarias para promover o desenvolvimento humano e garantir qualidade de vida à população, além de ampliar a discussão sobre temas de relevância, com oportunidades culturais e de lazer.
“Esse evento tem total importância para mostrar o nosso olhar voltado para as mulheres, especialmente as mulheres negras. Procuramos aqui mostrar a cultura; a beleza afro, através das tranças e ainda trazer este momento de fala e de discussão, um espaço de lazer e reflexão para as mulheres”, explica a diretora de Promoção de Igualdade Racial, Nyara Crispim.
Na roda de conversa, com o tema “Ser mulher e ser mulher negra”, as Promotoras Legais, Populares Negras, grupo formado pela Rede Nacional de Mulheres Negras, uma articulação que acontece em mais de 40 cidades do Brasil, com representatividade também em outros países, destacou a violência sofrida por mulheres no município. O movimento procura alertar e auxiliar essas mulheres que passam por qualquer tipo de violência. É o que explica Camila Vieira, uma das participantes do grupo.
“Em Itabira somos três mulheres que representam o movimento com formação e articulação junto à rede nacional. Nossa atuação é para empoderar mulheres e ajudar a saírem de situação de violência, não só física, mas também psicológica. No futuro pretendemos formar outras mulheres para espalhar esta ideia dentro de Itabira, porque sabemos que o índice de feminicídio aqui é alto, principalmente entre as mulheres negras”, disse Camila.
Lia Andrade, a mais nova integrante do grupo, falou da importância em ter abertura para discussão sobre questões de violência contra as mulheres. “A Rede Nacional é um espaço que nos capacita e nos dá a formação para participar dessas discussões de controle social. Só nós, enquanto mulheres pretas sabemos da nossa história, o que nós vivemos e precisamos de lutar para ocupar nossos espaços” afirmou a Promotora Legal Popular Negra.
Tatiana Gavazza – coordenadora do Centro de Referência de Atendimento à Mulher e Nyara Crispim, diretora de Promoção de Igualdade Racial
Em tempo
O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho é uma alusão à morte de Tereza de Benguela, líder quilombola que teve destaque por resistir à escravidão por 20 anos, no século XVIII. Já a Lei Maria da Penha completou 16 anos, no domingo (7) e é a principal legislação brasileira com objetivo de estipular punição adequada e coibir atos de violência doméstica contra a mulher.