Biossólido foi aplicado em mudas de girassol e promoveu o crescimento saudável das plantas
O projeto Biossólido Itabira, desenvolvido pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de alunas do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) campus Itabira. O estudo, desenvolvido pelas estudantes Ana Elisa Carvalho Silva Santos e Maria Eduarda Ribeiro, teve como tema a “Avaliação do uso do biossólido de ETE na produção de girassol anão (Helianthus Annuus L.): Uma alternativa para a recuperação de recursos no saneamento” e foi apresentado na quinta-feira, 4 de julho.
O estudo utilizou o lodo produzido e desidratado na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Laboreaux, e beneficiado na Unidade de Gerenciamento de Lodo (UGL), unidade localizada na Fazenda São Lourenço. Após a higienização do material, por meio de adição de cal (processo chamado de estabilização alcalina ou caleação), o lodo é transformado em um produto de valor agregado denominado biossólido. O trabalho desenvolvido teve como objetivo avaliar o uso de biossólido como fertilizante no cultivo de girassol como uma alternativa para a recuperação do lodo gerado na ETE.
Os resultados indicam que o biossólido é seguro e benéfico para a agricultura, especialmente no cultivo de girassóis e atendeu aos parâmetros e critérios estabelecidos pela Resolução Conama nº 498/2020. Em relação à análise química, o material possui concentrações adequadas de macronutrientes, como nitrogênio e fósforo, essenciais para o crescimento das plantas e apresentou índices inferiores aos limites estipulados para substâncias químicas inorgânicas, eliminando o risco de toxicidade ao solo.
Quanto ao risco bacteriológico, o lote de biossólido analisado apresentou níveis seguros de Escherichia coli e ovos de helmintos, devido à inativação de patógenos promovida pelo tratamento de estabilização alcalina. Nos testes de plantio em mudas de girassol anão, o uso de biossólido promoveu o crescimento saudável das plantas, por meio da avaliação do número máximo de folhas e altura, reforçando a viabilidade de seu uso.
O trabalho foi orientado pelos professores Glaucio Marcelino Marques (Unifei) e Eduardo de Aguiar do Couto (UFLA), as alunas desenvolveram a pesquisa em parceria com servidores do Saae que estão à frente do projeto Biossólido Itabira. O projeto foi viabilizado por meio de uma parceria estratégica entre o Saae de Itabira, a empresa Centro de Referência em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (CR ETES), a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, o Sindicato Rural de Itabira e a Universidade Federal de Itajubá campus Itabira e teve suas atividades iniciadas em março de 2023.
Para as alunas, o estudo propiciou a aplicação de conceitos teóricos e de técnicas na análise de situações reais na sociedade, demonstrando o papel da engenharia na solução de problemas. “A pesquisa e participação no projeto Biossólido Itabira buscou proporcionar uma alternativa prática e ambientalmente responsável para o manejo de resíduos e a promoção da agricultura sustentável, além de contribuir na aplicação de práticas mais eficientes no setor de saneamento e na agricultura”, diz Ana Elisa.
Para Maria Eduarda, o trabalho tem a dimensão de dar visibilidade a uma solução para o gerenciamento adequado de resíduos de ETE, descartados em aterros, contribuindo para um meio ambiente mais sustentável. “Espero que este estudo tenha contribuído para o Projeto Biossólido Itabira e que possa servir como base para futuros estudos e como exemplo para outras cidades e ETEs”, diz a estudante.
O trabalho contou com a avaliação do professor Edison Laurindo (Unifei), do técnico Athos Lopes Silva (Unifei) e do supervisor de Serviços e Tratamento de Água do Saae de Itabira, Gabriel Almeida.
“O estudo ressalta a necessidade de repensarmos as rotas do lodo e a importância do biossólido, sabendo-se de suas potencialidades. A divulgação técnico-científica é um dos objetivos do projeto Biossólido Itabira e a parceira da Unifei nesse processo reforça a importância dos eixos de pesquisa e extensão”, destacou Gabriel Almeida.